segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Bitols e o fim

"O Fabricio e a Cinthya se separaram" falei pro Filipe como quem fala de amigos próximos. Ele deve ter ficando batendo cabeça tentando lembrar de algum casal conhecido "ah, o Fabrício e a Cinthya, conhecemos lá... lá na... lá onde mesmo?" Até que perguntou "quem é Fabrício e quem é Cinthya?". Com pesar eu respondo "Fabrício Carpinejar, meu cronista (vivo) preferido e Cinthya Verri, mulher dele, escritora também, médica e linda".

Aliás, os dois eram lindos juntos. Desses casais de comercial de margarina, etc e tal. Tinham álbuns juntos, escreviam uma coluna no jornal juntos, seus blogs e tatuagens combinavam ela o chamava de "bitols" e ele escrevia poesias pra ela. E eu sorria abobalhada vendo as fotos dos dois. Amor alheio também encanta e aquece o coração dos outros. Não, não era inveja, juro juradinho (embora eu também quisesse uma foto onde segurassem a minha mão e dissessem que "amar é 'não soltar a mão dela nem na hora de apontar o nome da rua'". E eu lia e via as ilustrações que ela fazia pros textos dele e meus olhinhos brilhavam e eu me inspirava e escrevia também. Mas meu deus, o que será que aconteceu?

Ontem me explicaram quão volúveis são as relações humanas. Disseram que casais que brigam têm mais chance de ficar juntos que casais que não brigam e ainda profetizaram (dado a minha idade e particularidades da personalidade) mais dois anos de alguma felicidade conjugal pra mim seguido de um inevitável término ou, num cenário mais otimista, algumas graves tribulações. Ouvi tudinho bem abraçada com o Filipe. Ele não tem álbuns comigo, não dançaria ballet por mim, não desenha pros meus textos nem me deu nenhum apelido. Mas ele sabe apertar os olhos bem apertadinhos, canta pra mim e me chama "Mariana", que mesmo sendo meu nome cru e simples, já parece música na boca dele. Ele deita ao meu lado na grama e fecha os olhos, enquanto eu presto atenção nele e lembro de quando o vi dormir (mesmo sendo em sonho), reparo que ele fica lindo dormindo (ou quase), com as folhas da árvore brincando de fazer renda no rosto dele. Felicidade assim, simples assim.

 Fazendo as contas, ainda tenho 20 meses dessa felicidade, obrigada, e ficaria imensamente grata em contrariar toda e qualquer estudo do tipo, AMÉM.

Deve ter sido isso que aconteceu com o Fabrício e a Cinthya. Será? Sorte aos dois.

Nenhum comentário:

Postar um comentário