Que importa um nome?
Eu começo assim,
parafraseando Gullar,
que eu sou ruim mesmo
nem sei por onde começar.
Mas que importa mesmo,
tanto faz!
O que me importa é o agora,
esse tempo que tu faz
Fazer poema é assim, é tentar.
Um verso aqui,
outro ali;
Um pedaço de mim,
outro tanto de ti.
Feito a valsa que a gente dançou
naquela noite
no meio da rua.
Dançamos pra sempre
até um carro querer passar.
Ô DÁ LICENÇA SEU MOÇO,
DÁ LICENÇA PREU VALSAR
Que me importa as cadeiras, os bancos,
os tronos enfeitados dos reis,
se eu tenho 5 continentes de chão pra sentar,
pra deitar, pra rolar, tenho quilômetros
de árvores pra aproveitar a sombra
e descobrir contigo, descobrir-te amigo,
descobrir-te abrigo. Descobrir-te meu.
De que adianta os microfones, megafones,
se só servem pra camuflar o grito mudo
de quem é apático, de quem é inerte.
O meu não! Eu posso abrir os braços e gritar!
Gritar no meio da rua, no meio da praça,
gritar que caiu a farsa, que já chega de fugir!
Eu quero é ficar aqui, bem juntinho de ti!
Chega mais, chega mais, não precisa ter medo,
tu já sabe o meu segredo.
Vem, pode chegar,
chega que hoje eu sou toda mar.
Mas me diz o que eu faço, seu moço,
quê que eu faço se essa história é mais bonita
que poema do vinícius, que refrão da Elis.
Se sou artista e platéia,
se levo tombo e peço bis.
O quê que eu faço com esse amor
mais bonito que noite de lua,
mais bonito que a renda exposta na rua,
mais bonito que aquele pedaço de dia,
naquele banco, naquela escadaria,
com o sol tingindo d'ouro teu rosto
colado no meu. Tua respiração que acabou
sendo minha e já não se podia nem ver
quem é que respirava.
Era tudo uma coisa só.
Feito esse poema malefeito.
Feito a birra, a manha que eu faço;
feito todas as vezes que eu coloco
palavras na tua boca.
Que tu me diz - na minha cabeça-
que vai embora,
que já é hora,
que já cansou dessa brincadeira
e eu te expulso - na minha cabeça-
digo que também cansei.
QUE ME IMPORTA?
Tanto faz!
E vou chorar atrás da porta
junto com a Elis.
Aí tu vem - de verdade-
e me fala - de verdade-
que quer continuar aqui,
perto de mim,
e diz que adora conhecer
cada pensamento
d'uma cabeça de vento;
e sorri apertando os olhos,
brilhando os olhos;
Sorriso que não cabe mais na boca
e me pega desprevenida,
me puxa pra ti,
me cala com um beijo,
me desafia e faz mais:
diz que vai ganhar.
Bagunça com o meu brio,
mexe com o meu orgulho,
me deixa doida da vida,
doida varrida,
e no final só sorri.
Sorri porque sabe que não precisa
de mais nada além
do orbicular da boca,
do levantador do lábio superior,
e do masseter
pra me vencer.
Não precisa de nada além
de dez quirodáctilos
pra me arrancar de mim
e me trazer pra ti.
Não precisa de nada além
de uma íris, uma pupila
e uma prega vocal.
Sabe que aí cabou-se tudo
cabou-se o mundo
afogado naquela avenida
que a gente atravessou inundada
-na minha cabeça.
Me chama pra guerra
pra lutar do teu lado
por uma renomeação de tudo.
Eu pego minha espada
- que é a caneta-
o meu escudo
-que é o papel-
a minha armadura
-que são meus pensamentos-
monto no meu cavalo
-que são meus pés-
e vou contigo, vou amigo
navegando na nossa esquadra
de barquinhos de papel.
Tu imponente capitão de mim.
Paro e penso -
na verdade, lembro
que já é madrugada
e te imagino agora,
sei lá se acordado
com um fuzil na mão.
Fecho os olhos e lembro
do sonho mais bonito
que eu tive contigo,
quando te olhei dormir.
Só olhei, não te mexi.
Acho que é pecado
acordar um anjo que dorme
ainda que for n'um sonho
Te ver dormir
tão calmo, tão sereno,
trouxe mais paz que mil abraços
teve força de mil laços.
E no meu sonho eu deitei,
fiquei do teu lado
e só te olhei.
Ali eu me completei,
nada mais faltava.
Podia cabar-se tudo binlí
que eu ia m'imbora feliz
com a minha lembrança.
Que na verdade é tudo
que um dia eu vou levar.
Hasta la vista, seu moço!
O que é felicidade?
O que eu tenho de verdade?
Tu me pergunta do espírito
e eu te pergunto "quanto calça"
"qual o sorvete preferido"
Não é superficialidade
é outro jeito de conhecer;
feito minha forma
um tanto peculiar
de demonstrar carinho:
arranco-te um pedaço do nariz
ainda intacto por um triz!
Fecho os olhos e treino
treino o meu melhor sorriso
pra quando te vir chegar
aquele que sorri junto
olho, boca, pernas e coração
Esse sorriso que só tu me traz
que só se acende quando te sente
que só nasce quando te tem
ainda que em pensamento.
E mais uma vez eu olho
e já é madrugada.
Francamente, parece piada!
Se tivesse mais 90 páginas
eu dizia que era poema sujo
e copiava de vez Gullar.
Mas já é madrugada no Maranhão
e até Donana colocou a touca e foi dormir;
a serpente calçou as pantufas e se recolheu;
a manguda já passou do quinto sono;
só a gente que não dorme!
É que é noite de São João
e eu sorrio lembrando do cheiro
de mijo, álcool, madeira
suor, pena, palha,
que vai me acordar daqui a três dias.
Cheiro que só essa viração
de vinte e oito pra vinte e nove tem.
Ainda tá cedo e eu quero mais é guarnicê
meu batalhão de 500 marias
e 500 anas. Tocar minha matraca
até o dedo estourar,
e sangrar sangue vermelhinho
das minhas veias finas,
das minhas véias rimas
que eu não soube arrumar.
Bem que eu queria ficar.
Mas tchau, pretinho!
Tchau que a gente se vê;
tchau que eu vou dormir
pra ver se sonho de novo contigo;
tchau que eu tenho que ir;
tchau que fica pedaço meu em ti
tchau que eu te tenho sempre aqui;
Tchau que eu nunca fui
tchau que eu tô sempre aí
tchau que não te preocupa
Pode deixar que eu me levo pra ti.
chorei =,[
ResponderExcluirAin ><
ResponderExcluirQue lindo!
Gente, é a mais criativa de todos :)
"Que me importa as cadeiras, os bancos,
os tronos enfeitados dos reis,
se eu tenho 5 continentes de chão pra sentar,
pra deitar, pra rolar, tenho quilômetros
de árvores pra aproveitar a sombra
e descobrir contigo, descobrir-te amigo,
descobrir-te abrigo. Descobrir-te meu."
Lindo, lindo, lindo!