terça-feira, 29 de maio de 2012

Rabisco 1

Faz horas que olho pro papel em branco. Já amarrei e desamarrei o cabelo um zilhão de vezes, aparei as pontas, diagnostiquei um transtorno leve de ansiedade e aproveitei pra lembrar o nome dos benzodiazepínicos e barbitúricos que já estudei. Vai que precise.

Os olhos queimam, a cabeça dói, o coração palpita, os dedos tamborilam nervosos em cima do teclado. Quero escrever, quero te falar, quero contar o que acontece aqui dentro, mas ao que parece, é tarefa hercúlea pra mim. Acho que desaprendi a escrever, perdi a prática entre a confusão dos sinusóides hepáticos ou entre os glomérulos renais. Sei lá. Essa luta "cérebro/coração X caneta/papel" suga todas as minhas forças, e eu não sou um Anderson Silva das letras, perdão. Só que eu sou teimosa e insisto em ficar aqui e tentar porque você precisa saber.

Precisa saber que do alto da minha mania de sempre querer explicar tudo e desse meu jeito falastrão, é diante de ti que eu me calo. É contigo que eu fecho os olhos e silencio pra só ouvir a tua voz, aperto bem forte minha cabeça contra o teu peito pra poder sentir teu cheiro e escrevo mentalmente o poema completamente sinestésico inspirado por ti e em ti. Teu gosto, tua pele, teu cheiro, teu olhar, todos os ingredientes de uma mistura que me deixa nem sei onde, só sei que longe daqui.

Precisa saber que eu dou muito valor pro meu espaço e adoro ficar sozinha pensando em 1001 coisas ou em nada mesmo, olhando prum ponto qualquer no horizonte. Gosto desse meu autismo adquirido. A diferença é que agora tem sempre alguém comigo, nem que seja nos meus pensamentos, fazendo com que eu admita - tal qual na canção - que eu "gosto quando olho com você o mundo e que gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você". Sozinha. Só que junto. Mais ou menos isso.

Precisa saber que eu fico garimpando todo dia coisinhas de nós dois pra guardar. Um relógio que espiasse o nosso beijo, tortuguitas com recheio de brigadeiro, um botão de camisa, um prato de feijão! Pequenas coisas que saem do campo material e entram na nossa história parafraseando Getúlio Vargas sem nenhuma vergonha na cara ou respeito aos direitos autorais.

Precisa saber que amo ouvir tua voz, amo te ouvir cantar, amo te ouvir sussurrar no meu ouvido, amo te ouvir falar entre beijos o quanto queria que todo o tempo parasse e só restasse nós dois ali. Amo teu "avatar azul" - amo ao estilo (ou até mais) que o all star do Nando. Aliás, se eu soubesse, também faria uma música pro teu avatar azul.

Precisa saber que eu aproveito cada minuto, cada instante, que eu te aproveito nem que seja em 15min, feito namoro em recreio de escola. Todo tempo é válido, apesar de que é sempre pouco. Tenho fome e sede de tempo o tempo todo. Tenho fome e sede de ti.

Precisa saber que às vezes eu olho pro mar, pro céu, pros carros numa avenida movimentada e começo a sorrir. Sorrir não, gargalhar! E ainda que eu aproveito o barulho do ônibus que tá passando bem do lado pra gritar a plenos pulmões o refrão daquela música que me faz lembrar de ti. Exponho a minha saudade com canções, camuflo a tua ausência com sorrisos no meio da rua, uso os barulhos urbanos como pano de fundo pra música que criei pra gente.

Precisa saber que tem 4 luas que se não sou a menina mais feliz do mundo, certamente que sou uma delas. Certamente que posso sentir essa empatia que vem de você pra mim e me envolve como a correnteza de um rio, do rio que eu sempre achei que tu fosses - calmo, sereno e misterioso como tal.

Precisa saber que hoje eu amo devagar porque sim, já tive muita pressa, só que não me importo se já chorei demais, o sorriso em meu rosto só se ilumina quando te vê chegar...

Precisa agora me desculpar pelas palavras mal escritas, o texto mal elaborado, o tempo escasso, a voz cansada. A única coisa que não escasseia é essa saudade e essa vontade. Cada vez é como se fosse a 1ª vez e ainda melhor. Eu e você somos assim... N + 1 com claras tendências ao infinito.

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