domingo, 21 de agosto de 2011

Ninguém sabe

Tenho tido uma vontade insana de escrever e uma falta de criatividade tão intensa quanto. Acho que não sou boa nessa história de verbalizar. Certa vez li que se o nosso cérebro fosse tão simples a ponto de podermos compreendê-lo, continuaríamos sem poder fazê-lo. Deve ser a mesma coisa com os nosso sentimentos, acho. Nunca é tão simples quanto queremos.

Acho que não sou muito boa nessa coisa de verbalizar. Minhas costas doem. Nisso sou boa, psicossomatização. Ciúmes, preocupação, sempre me dão dor nas costas. E com essa dor não consigo dançar pela casa ao som do Mika, como há muito tempo eu quero. Aliás, essa é uma fantasia secreta, sair dançando pelo meio da rua, como se não houvesse ninguém além de mim, como se não houvesse amanhã, completamente bêbada. Só que eu não bebo. Embora eu não precise exatamente de álcool pra ter a mesma sensação de ebriedade.

Ninguém sabe (nem eu mesma sabia, até ainda agora), mas todos os caras da minha vida têm namorada. E o nome de todas ela é Ana "alguma-coisa". Vou mudar meu nome, Brasil! Quero dizer, todos menos o Carpinejar, que o nome da esposa dele é Cyntia, mas ele nem é TÃO "homem da minha vida" assim. Acho que o nome disso é sina. Mas eu até gosto, acho lindo, poético, me sinto n'uma história inacabada do Jonh Fante. Também sou apaixonada por "Anas".


Ninguém sabe também, mas o verdadeiro cara da minha vida (e esse é sério) é 10 anos mais velho que eu e eu não gosto nem um pouco do jeito dele. Mas ele tem um quê de quem me conhece a séculos, de quem sabe exatamente o que eu tô pensando, de quem me entende realmente do início ao fim. Ele sempre fala tudo o que eu queria falar, parece que pensa junto comigo e se fez exatamente do jeito que eu imaginava que ele seria. Ninguém sabe, mas ele nem suspeita da minha existência.

Ninguém imagina, mas eu sou apaixonada por um amigo meu. Mas dele eu não entendo quase nada. É um mistério pra mim. Só que eu penso nele. Penso muito. Posso compará-lo ao quebra-cabeças de mil peças que minha tia me deu de presente quando eu tinha 10 anos. Tia, eu não sou super dotada, a senhora realmente pensou que eu fosse conseguir montar esse troço? Peguei todas as peças, joguei numa bacia d'água e fingi que eram pedacinhos de macarrão. Foram-se todos os gatinhos afogados. Um dia eu também vou afogá-lo.

Minhas idéias são tantas e minhas letras tão poucas que chego a ter vergonha. Não deveria ter passado nem do jardim de infância. Você já se sentiu sem lembranças? É uma sensação horrível, sabe, meu caro. Acho que tenho muitas, mas não tantas quanto queria. O tempo faz de escravo quem não o escraviza primeiro. E já que ainda não inventaram um troço que controle o tempo, somos todos escravos pois! Escravos dsse vermezinho que suga amores, juventudes, interesses, neurônios, memórias, amizades, livros, comidas, cheiros e o Renato Russo.

A vida toda é uma confusão muito grande, sabe? O grande lance é plantar momentos e experiências, pra você ter galhos firmes onde se segurar quando vier uma tempestade - e ela sempre vem. E é muito legal quando ela chega, porque ninguém se lembra daquela cidade onde não acontece nada de interessante, mas onde tem grandes desastres sempre tem muita gente interessada no assunto e tal e coisa - só é pena que eu não queira ser manchete de jornal, enfim.

Nada disso tudo aí fez muito sentido pra mim, mas que se seja, quem liga? Amanhã e segunda-feira e toda a rotina começa de novo, não consigo achar uma imagem que resuma isso. Amo todas essas vírgulas e flerto ocasionalmente com reticências e pontos finais, nunca sei onde se esconde as exclamações ou pra que serve um ponto e vírgula (acho que é uma parada indecisa - acho), e tem aquela outra coisa que eu esqueci?

sábado, 20 de agosto de 2011

Danse

Abriu a porta, jogou a mochila no chão, as chaves sabe-se lá onde foram parar, atirou-se na cama. Afundou a cabeça no travesseiro e gritou. Um gritou rouco, abafado, visceral. Com os pés mesmo arrancou o tênis, a meia, jogou a calça longe. Ficou um bom tempo assim, entoando um mantra - "pourquoi tu gâche ta vie". Era mais gauche que Drummond e todas as suas sete faces choravam neste exato momento - "tu ne sera jamais grand".

"Pergunte pro seu orixá, amor só é bom se doer". Ela não tinha orixá, mas nem precisava, porque doía e doía muito, é verdade. Enxugou o último pingo de lágrima e jurou pela centésima vez que seria a última. Pensando bem, esqueçamos essas coisas de amor, falemos do jumento. Sim, sim, o jumentinho, coitado, privado da visão periférica, olhando sempre em frente, "sempre em frente". Sentiu-se uma jumentinha, em frente pra onde? Assim que tirasse as vendas, quem sabe enxergasse o tanto de vida que se ajuntava todos os dias ao seu redor. Convenhamos, 18 anos não é idade pra byronismos.

"Elle me dit danse" danse danse danse danse danse à noite, a plenos pulmões, pelo meio da casa. Pés de bailarina, olhos de colombina, lábios de cortesã, braços de irmã. Elle me dit danse! E ria lasciva, tão falsa que quase voava, tão etérea que confundiu-se com o ar que respiravam e saiu flutuando pela noite danse danse danse, até alcançar as estrelas, danse danse danse. Dormiu pra poder dançar mais no sonho. A garrafa de vodka rolou pra debaixo da cama. Danse danse danse, elle me dit danse!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre pesadelos e loucuras.

Será que os loucos sabem que estão loucos? Aliás, estão ou são? Em inglês o verbo é o mesmo, mas a semântica portuguesa nos ensina que na prática não é bem assim que a banda toca. São conceitos por demais distintos. Tenho medo de estar louca, às vezes.

Agora mesmo, por exemplo, acabo de encontrar um fio de cabelo meu em cima do teclado. Não é incrível saber que este simples fio resume todo o meu eu? Quero dizer, com a técnica adequada, este fio pode dizer tudo sobre mim, pode ser responsável por fazer outra Mariana, ao menos do ponto de vista genético. Este fio sou eu queratinizada! Meu Deus, quanto de mim não deve estar espalhado por aí.

Tenho tido pesadelos horríveis, contudo reveladores. Alguém já parou pra pensar como seria ser prisioneiro de si? Vou explicar: imagine-se acordado, mas preso dentro do seu próprio corpo. Você grita, grita, chora, tenta se mover, tenta chamar alguém, reza, mas nada adianta. O seu corpo não responde, é o seu cárcere. Se esse corpo nada mais é do que uma capa pra mim, se o meu verdadeiro "eu" se esconde em algum lugar, alguras o que se pode chamar de "alma", quem eu sou então? E o QUÊ eu sou exatamente? Enfim, me sinto um avatar.



domingo, 26 de junho de 2011

Ana


Ela gostava de olhar o mar. Talvez porque tivesse o mar no próprio nome, era como se fosse parte de si. Soava até bonito “mar e Ana”. Óbvio que ia nascer assim, inconstante. Não era uma, era duas; era o mar, era Ana. Ana é a calma, a glória, a graça e a senhoria. Mar é a ressaca, a revolta, a preamar, a maré cheia de ilusões, o mar de Sizígia bailando ao gosto da lua.

Ana era cal[mar]ia. Os olhos de um negrume intenso, olhos de um besouro voador. Voar? Não, mar não voa, nada. Nada mesmo. Até agora era o que sentia ser: um mar de nada. Faltava-lhe, vez em quando, competência até para a loucura. Os cabelos de um negrume intenso à moda do olhar, embora despontassem – como que desorientados – fios d’ouro amarelo. Ana era de maresia. A pele de um negrume não tão intenso, mas ainda assim negrume. A pretidão em pessoa, o Mar Negro prosopopeiado.

Ana falava e a palavra saia veneno, escrevia e a palavra saia veneno – não porque quisesse, mas porque só sabia assim. Despejava mares de lodo ao seu redor. Não sabia ser água doce, rio não conhecia, só sabia de mar.

Ana era velha, carcomida, de época longe daqui. Vira Ártemis verter por orgulho o sangue do amado Órion, tingindo de vermelho as brumas de Ana. Vira a ira de Posêidon contra Jasão, afogara Gonçalves Dias por puro ciúme da terra, que o poeta amava mais que o mar. Sepultara muitos soldados, rindo-se lasciva das viúvas que ficaram, gloriosa por enterrar para sempre em seu seio os homens de outras.

Ana era salgada. Seu beijo, sua pele, sua flor, tudo era sal. Quanto desse sal era lágrimas de Portugal ela não sabia dizer, mas ria-se assim mesmo, pois quanto mais bebiam dela – ou nela -, mais tinham sede e Ana também era insaciável, então enquanto houvesse quem tomasse haveria quem desse.

Ana já morreu faz tempo, mas continuou por aqui matando também quem fosse insensato o suficiente pra desejar unir-se a ela. Ana é metáfora de amor de alucinação, de amor alucinado, de amor de gente besta, de amor de gente que deseja, esperneia, luta e acaba por naufragar em praias outras. Vai ver nem amor Ana é.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Notas VIII

O que eu tô vivendo agora se chama "paz". Uma paz de ver o outro e dizer entre lágrimas - que seja - "seja feliz". Uma paz de dizer "dessa água eu não quero mais", quero só esse cantinho, essa semi solidão, esse amontado de gente nova que tá chegando sem avisar, chegando querendo lugar, querendo ficar, querendo rimar com alguma poesia que ventura exista nas bandas de cá.

Essa paz de ter certeza "sim, eu tenho tudo o que preciso, e o que não tenho, não há o que se preocupar, o mais o Senhor fará".






sábado, 14 de maio de 2011

Notas VII

Escritor é raça ruim. Aliás, digo nem os escritores, os aspirantes também o são, talvez em grau ainda pior. Gente que escreve, pronto. Raça ruim, egoísta, egocêntrica, cínica, mentirosa, falsa e manipuladora. Ainda que digam que não, são capazes de mentir olhando nos olhos - discípulos fiéis de Capitu. Fingem-se de loucos para melhor passar, fingem-se de mortos, de vivos, de tristes, de qualquer coisa que o valha, apenas para melhor servir. Nem que seja de palhaço.

Engana-se quem pensa que é amado por um escritor. Eles não amam pessoas, amam divas, musas inspiradoras. Ama - em verdade - a si mesmos. Os outros são apenas motivos para crônicas, contos, poesias. Engana-se também quem pensa que sofrem por uma desilusão amorosa. Desilusões são, via de regra, ótimas oportunidades para o crescimento da sua técnica bem como do seu acervo literário. Acontece, inclusive, no submundo da escrita, competições para decidir quem sofre mais. Lágrimas são sinais de vitória, motivos para se vangloriar. Cicatrizes de guerra, vá ver.

Escritores ficam realmente tristes quando estão felizes. Aí sim, se a vida está bem, se a cidade não está um caos, se tem uma Marília apaixonada por eles, aí sim se desesperam. Não há motivos para solidão, não há motivos para criação.

Escritores se apaixonam pela dor, se agarram a ela o máximo possível. Prolongam o sofrimento para, assim, fingirem que são felizes. Se não render amor, que renda ao menos bons textos...

P.S: Mas não acredite muito em mim, não. Sabe deus se não estou mentindo também...

sábado, 30 de abril de 2011

Você sabe que é pra você II

Um tempo atrás, num pretérito hoje imperfeito, parecia tão real...



Eu não sei como é amar. Aliás, nem sei o que é amar. Tenho uma vaga idéia, apenas o que eu acho. Só acho. Amar deve ser quando você não se importa se o outro te ama. Você ama porque ama e isso basta. Não sei, deve ser isso.

Amar é quando você desiste de espernear, desiste de dizer que é mentira, que já não gosta mais daquela pessoa, desiste de se fingir de forte, desiste de sair por aí buscando "aventuras" que te façam esquecer aquela decepção, desiste de procurar em outras bocas, outros braços, algum que se assemelhe ao que você perdeu. Amar é engolir o orgulho "na marra e dizer com a cara mais sincera do mundo: fazer o quê? Ainda te amo.

Amar deve ser quando você, mesmo gritando pra duas pessoas ouvirem - deus e o mundo - que ama, ama, ama, ama e ama mais um pouco, não tem coragem de chegar bem perto daquela pessoinha e falar isso baixinho pra ela, só pra ela.

Amar é rezar baixinho toda noite, pedindo proteção pro teu "alguém", pedindo que Deus, ou seja lá pra quem você reze, que o abrace e o cuide do mesmo jeito que você gostaria de estar cuidando. Que fique com ele, que o sustente e levante, do mesmo modo como você gostaria de estar fazendo. Mesmo sabendo que o seu deus fará isso de um modo muito mais perfeito, você pede e ainda diz: cuida direitinho, tá?

Sei lá, amor deve ser isso ou quase isso...

p.s 1 : não sei se tu ainda vem aqui, mas se vier, vai saber que é pra ti. Ainda faço isso, meu guri. Todas as noites =D
p.s 2: pra não dizer que eu tô mentindo, esta música começou a tocar na hora que eu terminei de escrever o penúltimo parágrafo:http://letras.terra.com.br/anjos-de-resgate-musicas/675420/
p.s 3: Sinto tua falta. Fica bem =D

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ironias de la vida

Ando com saudade de tudo. Aliás, nem ando, corro. É só o que tenho feito. De um lado pra outro, debaixo de chuva, sol, me alimentando com qualquer coisa que seja comestível, carregando quase uma casa nas costas. Faz muito tempo que a minha casa virou um simples dormitório. Ultimamente me sinto uma hóspede de hotel.

Muita coisa mudou e muita gente nova apareceu, que é pra contrabalancear aquelas que você já conhecia mas que acabou de "re-conhecer", afinal muitos mudam depois que o nome sai na lista de aprovados do vestibular.

Vestibular. Uma etapa vencida. Acontece que a vida é muito irônica, sabe? E aquela pessoinha que eu perdi por deixar de lado, dando maior importância aos meus próprios projetos agora me vê quase todo dia. Pra quem passava mais de mês sem ver tal pessoa, mas mesmo assim, estava junto dela, é tarefa hercúlea aguentar agora a companhia diária da criatura estando "separado". Um " eu ainda te amo, e ainda sinto tua falta" que fica engasgado na garganta e que você empurra goela abaixo junto com a comida do Restaurante Universitário. Ironia, né?

Este era o momento que eu sempre esperei. O momento pelo qual tanto lutei. Era pra ser perfeito. Era. Eu estou onde queria, mas não ao lado de quem queria.

"És parte ainda do que me faz forte, pra ser honesto, só um pouquinho infelz...."

sexta-feira, 1 de abril de 2011

GENTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
OOOOOOOOOOOOIIIIIIIIIIII
SAUDAAAAAAAAADDDEEEEEEEEEEEEEE


Não, não morri nem fui abduzida, graças a God. Ou talvez tenha sido, afinal, agora tô numa vibe de vida totalmenet diferente. Tem um povo aí que diz que vai ser médico qued me sequestrou e talz e meu novo endereço é: ILA (praça Gonçalves Dias) pela manhã e UFMA à tarde. Quem quiser me encontrar, procura por lá.

Não sei se vai dar pra vir aqui com a frequência de antes, mas farei o possível. Entro em crise de abstinência se não apareço. Já tava quase pedindo pra mamis me mandar prum REHAB.

Então, meus mais novo plano literário é um blog só sobre minha vida de calourinha linda e xerosa (ou não). Acompanhem o desenrolar da história.

1BJO E 1QJO, xô ir m'embora.

sábado, 5 de março de 2011

Um amor de Carnaval. Quem não tem?

"Recordar é viver. Eu ontem sonhei com você". É carnaval, amor, e eu sonhei mesmo com você. Acordei com o teu nome nos lábios, com as tuas palavras no pensamento, o teu pedido na memória. Estou aqui, essas palavras são só tuas. Então fica aí, presta atenção, pega um iogurte na geladeira e lembre dos antigos carnavais.

É carnaval e nada é sério, dentro do meu fofão eu posso muito bem te levar até onde eu quiser, então gruda aqui e vem brincar junto comigo. Eu também sou carnaval, só que você não me conhece nem que eu tire a máscara. Sempre brincando com fogo, sem medo de se queimar. Entenda, esses amores de Momo não são sérios, puro impulso. Nós dois amarrados num laço de serpentina - agora vê bem como eu posso parti-lo a qualquer instante e ir amanhecer em outros bailes. Laços de serpentina não são feitos pra durar.

Mas e se eu, no meio do salão, chegar e pedir teu coração? O amor poderia sorrir? Sorrir de alegria, junto com os tais mil palhaços? A diferença é que eu não sou o Arlequim nem você a Colombina Se você recusar, não vou ficar chorando, carnaval é assim mesmo. Sem camélias caídas ou jardineiras tristonhas, apenas o colorido dos confetes e a lascívia das risadas.

Não, não vou chorar, até porque já fiz de tudo pra você gostar de mim, então não faz assim comigo não, vai ser bem legal se você me der seu coração. Mas sabe de uma coisa? Acho que essa história de gostar de alguém já é mania que as pessoas têm - e com a ajuda de nosso Senhor, não vou mais pensar no amor - até o próximo carnaval.

Por isso mesmo, ô abre alas que eu quero passar com toda a minha fantasia - e uma rosa de ouro, você merece. Peço bandeira branca que eu já não posso mais com essa saudade que me invade, peço paz, pode ser? Afinal, pra alguém tão confuso que já não sabe o que é cachaça o que é água, fica fácil confundir carinho com começo de coisa importante. Mas não liga, liga não, chega de confusão, deixa isso pra lá, o dia já está amanhecendo e essa dúvida a gente deixa pra outros carnavais.

Sim, somos um amor de carnaval. Desses que não duram, ou que duram só o tempo da chama, só o tempo que a cidade pega fogo, fogo de amor ou de saudade, quem sabe? Não importa. Na quarta-feira só vai restar as nossas cinzas, seremos estatística de algum instituto de pesquisa, um pontinho no gráfico, mais um amor de carnaval.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sobre um sonho


"Voltando pra casa, os dois no ônibus, um silêncio mútuo de gente que tem muito o que falar, contar, mas nem imagina como seria o começo disso. Ela olha pela janela, lá fora chove cântaros. Ele olha pra baixo, balança as pernas, cantarola alguma música do Iron Maiden, vai ver nem pensa nela no momento, vai ver cogita ter feito uma grande besteira chamando-a pra sair.

O ônibus pára e uma dessas caixas de som humanas entra. No último volume, ouve-se "Iris", do Goo Goo Dolls. Ela se assusta, arregala os olhos, "parece que é perseguição! Parece não, é!". Um brilho de lágrima se forma nos olhos da moça - ele percebe, lembra da música. É a música do outro. Em silêncio, aperta a mão dela bem forte, olha bem fundo nos olhos e o olhar se estende p'rum abraço de isolamento acústico: "Vem, aqui eu posso te proteger do que ainda te machuca". Cumplicidade é isso."

E aí, hein, moços? O quê que eu faço com esses sonhos bonitos feito quadro do Renoir? Se continuar desse jeito, até abro mão de dormir às 4 da manhã e vou dormir mais cedo, que é pra ver se sonho tão bonito assim de novo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

À espera de um desastre

Camboa - São Luís - MA

Em um domingo qualquer por aí eu pensei: "Que saco, agora vai ser a noite todinha esse povo falando de enchente". Não liguem, é só a minha mania de acreditar que a imprensa supervaloriza as tragédias pra render mais audiência. Em alguns casos, não deixa de ser verdade. Em alguns casos.

A tragédia causada pelas chuvas no RJ, SP- estados mais atingidos - é capaz de causar um misto de sensações dentro da gente. Primeiro, pena por todos aqueles que perderam suas casas, famílias, por todos os filhos órfãos, por todos os pais órfãos. Sonhos e trabalho de uma vida inteira que foram destruídos. Depois, uma vontade quase que insana de ajudar, de estar lá, de levar um pouco de consolo àquelas famílias tão necessitadas de atenção e carinho. Mais ainda: sente-se raiva e indignação! Como os governantes permitiram que a tragédia assumisse proporções tão grandes? Como foi mostrado pela imprensa, desastres iguais ou maiores já haviam acontecido, mas as autoridades continuaram apáticas, sem se importar muito com a situação. Tragédias anunciadas, queridos, só que ninguém deu muita importância.

Eu não sou de me comover fácil, fico sempre com um pé atrás diante de qualquer atitude "solidária", de tanta exposição e "preocupação" da mídia. Vai ver até seja por isso que eu evite falar desse tipo de coisa no calor do momento, quando ainda é moda falar sobre. Ou vocês não perceberam que, como mágica, as vítimas da enchente sumiram dos noticiários e das rodas de fofoca? Tá todo mundo esperando o próximo furo de reportagem. Desastre antigo não dá ibope.

E no meio de tanta confusão, de tanto falatório, não faltou quem dissesse "poxa, eu queria ir pra lá", 'se eu tivesse dinheiro...", "ahhh, queria tanto ajudar...". Vamos combinar, né minha gente? Acho que já falei que não dou a mínima bola pra benfeitores sazonais. Você vai ficar esperando acontecer uma tragédia do lado da tua casa pra ir ajudar, é? Vai esperar a Lagoa da Jansen transpordar, a ponte do São Francisco cair ou coisa do tipo? Você não está no RJ, mas tenho absoluta certeza que tem alguém precisando de comida aí pertinho da tua casa. Certeza que tem alguma família precisando de roupas, de consolo, de teto, vai ver até mesmo no teu bairro. São pessoas que tem o trágico como cotidiano, sabe? A diferença é que não aparecem no Jornal Nacional.

Antes de se meter a arrumar a casa alheia, procure ver se a sua não está bagunçada também. Não precisamos ir muito longe para fazer o bem e perceber que gente precisando de gente existe em todo lugar e a todo momento. Abraços!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Notas VII

Acho que nenhum artista mereceria me ter como fã. Sou muito relapsa, não me interesso pela biografia deles, não sei a data do aniversário, cor, comida preferida. Se é uma banda, não sei o nome de todos os integrantes, todos os cd's, a história do nome do grupo, essas coisas. Aliás, nunca compro cd's, só tenho os que ganho dos meus amigos. Não compro pôsteres, revistas, não fico procurando fotos na internet, não compro ingressos de shows, não ouço todas as músicas, só ouço e faço o download aquelas que mais me agradam. Não tenho discografias completa de nada nem ninguém. Acho impossível gostar de toda a produção de um artista.

Na verdade, nunca gostei especialmente de coisa alguma.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pseudo ultra-românticos

"E esse mix de lágrima, catarro e vômito me deixa bem menos bonita, não é verdade? É que eu não tenho saco - nem idade - pra amar com essa intensidade."

Toda vez que eu vejo um perfil com uma frase de Clarice Linspector ou de Caio Fernando Abreu, tenho vontade de dar um bicudo estilo Anderson Silva na criatura. Não pela qualidade dos escritores, e sim pelo naipe dos leitores, já que a maioria pegou aquilo no "Pensador" ou em alguma comunidade "Perfis prontos pra Orkut". Legal.

Essa enxurrada de guri metidos a poeta byroniano me incomada. Muito. Você não vai morrer de tuberculose aos 21 anos; vai no máximo pegar um resfriado, uma virose. Você não vai escrever um livro considerado clássico nacional ou internacional. Vai ter um blog - melhor que este, espero -, um tumblr ou um twitter. Ou os três, mas não o livro. Você não vai se embriagar de vinho e começar a declamar poesias em cima da mesa d'um bar. Vai beber cerveja, Ice, começar a cantar alguma música da Cláudia Leite e fazer bunda-lelê se achando o máximo.

Antes de virem com suas "alminhas" e "coraçõezinhos destroçados", antes de chegarem com "respostas indubitáveis" que te esperam em "esquinas gélidas", vá lavar uma louça, varrer uma casa, arrumar um quarto. Desligue o PC e vá ler um livro! Estude para o Enem! Você tem 17, 18, 19 anos e não foi aprovado em 9 vestibulares pra Medicina!!! Isso deve significar alguma coisa... Não sei não, mas pelo andar da carruagem, algo me diz que a próxima escola literária não sairá dessa geração. Chega de cosplay de Linspector ou de Álvares de Azevedo, ok? Beijos!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Faticamente

"Ei"
"Oi"
"Teu nome é 'Ei'?
"Só se o teu nome for 'Oi'"
"Meu nome é 'Oi', como tu sabia?"
"É que faz tempo que eu procuro um Oi assim
Só que quando achei, o Oi não era pra mim"

Eu podia tá matano
Eu podia tá robano
Mas tô aqui poetizano
Quer dizer, tentano
E nem vem que eu tenho licença
Licença P[r]o[f]ética

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Notas VI

Quando eu disse que precisava da tua ajuda para esquecer o outro, era pra ter lido: "Ainda não sei se te quero ao meu lado, mas cada dia que passa estou mais tentada a pensar que sim".

Precisarei ser mais específica?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sangue frio

Sangue frio. Eu preciso disso. Quando exposta a situações stressantes, a minha reação é sempre a mesma: ficar sem reação. Tipo ter aquele argumento crucial apenas 3 horas depois da discussão, travar, não conseguir dar aquele abraço que o coração tanto pede, mas que o cérebro tanto recusa. Tipo ver o cara que você gosta ficar olhando pra outra menina e ficar falando dela, e mesmo assim não conseguir esboçar nada além de um sorriso amarelo e uma cara de vômito. "O que foi? Aconteceu alguma coisa?" "Nada não, só tô com cólica...". O bom de ser mulher é isso. A gente sempre pode apelar para a TPM nestes momentos.

É nessas horas que eu me sinto criança, que eu queria ser uma mulher super bem resolvida e madura, não uma guria enjoada e mimizenta. Se bem que eu acho que devo ter a tal mulher dentro de mim, afinal, muitas das vezes não tenho paciência pras minhas próprias frescuras. Ou isso ou eu sou bipolar. Eu tô de saco cheio, meu Brasil! De saco cheio de estar de saco cheio, inclusive. De saco cheio de ficar construindo diálogos imaginários que eu sei que nunca terei coragem de executar, de saco cheio de ficar remelando pelos cantos, de saco cheio de ficar feito mosca morta vendo as pessoas indo embora e, por conta disso, sendo grossa com as que ainda ficaram. Dá licença, alguém poderia me mandar num SEDEX pra Sibéria? Grata.

Na época do Dostoiewski era tudo muito mais fácil. As mocinhas, quando muito "nervosas", tinham logo febre e ficavam dias de cama. Eram mimadas e paparicadas, recebiam cuidados médicos e coisa e tal. Eu não. Eu tenho que ser quase uma mulher maravilha, tenho que resolver problema, que pegar chuva, ônibus lotado, que aguentar o guri falando da outra no pé do meu ouvido, que admitir que o outro ainda não foi totalmente embora e que ainda me embrulha o estômago só pela simples menção do nome... E tudo isso sorrindo como se estivesse em comercial de pasta de dente. Esse século XXI não tá fácil, vou te contar!

E mesmo assim, mesmo com tudo isso, ainda acho que fico fazendo furacões em copinhos de café. Que não, no final é só frescura minha, e que eu tinha mais era que parar de lamuriação e procurar ver o que é ter problema de verdade. Resumindo, como minha mãe diz: tomar vergonha na cara. Quero um litro desse negócio aí, faz favor.

Ouve


Ouve

Ouve teu coração batendo baixinho.
É o mesmo ritmo da canção
Baixinho, baixinho, leve,
quase inaudível, ouve.

Há alguém lá dentro que grita,
esperneia - liberdade, liberdade.
Baixinho, baixinho, gemido
abafado, inefável, ouve.

Houve tempo, quando tempo de lua
que os teus pelos eram fantasia
que a tua boca era a saída
que os teus braços eram comida

Mas agora ouve, já houve
Por instante ouve, só ouve
teu coração bate baixinho
no ritmo do sol que se vai - tu fostes.




quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

De onde os diamantes vêm


Achei muito bonita esta pequena lenda indígena, que conta a origem dos diamantes encontrados em leitos de rios. Pra completar, uma música do Moska, só para os apaixonados, ok? Beijos!

"Há muito tempo, vivia à beira de um rio uma tribo de índios.


Dela fazia parte um casal muito feliz Itagibá e Potira. Itagibá, que significa braço forte, era um guerreiro robusto e destemido Potira, cujo nome quer dizer flor, era uma índia jovem e formosa.

Vivia o casal tranquilo e venturoso, quando rebentou uma guerra contra uma tribo vizinha. Itajibá teve de partir para a luta. E foi com profundo pesar que se despediu da esposa querida e acompanhou os outros guerreiros.

Potira não derramou uma só lágrima, mas seguiu, com os olhos cheios de tristeza, a canoa que conduzia o esposo, até que a mesma desapareceu na curva do rio.

Passaram-se muitos dias sem que Itagibá voltasse à taba. Todas as tardes a índia esperava, à margem do rio, o regresso do esposo amado.

Seu coração sangrava de saudade. Mas permanecia serena e confiante, na esperança que Itagibá voltaria à taba.

Finalmente, Potira foi informada que seu esposo jamais regressaria. Ele havia morrido como um herói, lutando contra o inimigo.

Ao ter essa notícia, Potira perdeu a calma que mantivera até então e derramou lágrimas copiosas.

Vencida pelo sofrimento, Potira passou o resto de sua vida, à beira do rio, chorando sem cessar.

Suas lágrimas puras e brilhantes misturaram-se com as areias brancas do rio.

A dor imensa da índia impressionou Tupã, o rei dos deuses. E este, para perpetuar a lembrança do grande amor de Potira, transformou suas lágrimas em diamantes.

Daí a razão pela qual os diamantes são encontrados entre os cascalhos dos rios e regatos. Seu brilho e sua pureza recordam as lágrimas de saudade da infeliz Potira. "

(Lendas e Mitos do Brasil, Theobaldo M. Santos

Lágrimas de Diamante - Paulinho Moska
(vou deixar só o link, é que já tá tarde e eu tô morrendo de preguiça de baixar o vídeo. Mas vejam lá, vale muito a pena ;D )

domingo, 23 de janeiro de 2011


"Todo mundo tem sua dose de amores falidos. Vai dizer que tu querias ser a exceção?"

"Sim, eu gostaria muito de ser a exceção. Mas se não der pra ser, me arruma aí um tanto de juízo e outro de vergonha na cara. Tempera tudo com um pouco de amor próprio e embala pra viagem. A propósito: desapego - sabe onde que vende?"

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Oi, 21

Prometi a uma pessoa que iria ficar bem, hoje. Ou pelo menos tentar... Pretendo cumprir a promessa. Ficar por aqui, entretanto, pode ser perigoso; eu posso acabar me empolgando e escrevendo mais do devia. E vocês, obviamente, não são psicólogos (mas se tiver algum por aí, favor deixar nome e telefone. Juro que entro em contato), muito menos a Márcia Goldschmdt. Acabariam se cansando de tanto blá blá blá. Portanto, as postagens realmente interessantes estão no A Balcronista, meu outro blog. O link fica na coluna aí do lado. Em comemoração a este dia, temos "Cuidado, Amor" e "Bom dia, feliz aniversário". Espero que gostem...

A quem interessar possa, não fui eu, foi meu eu-lírico.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

E ainda estamos em Janeiro...

Hoje ainda é 20 de janeiro de 2011. Janeiro ainda nem acabou e eu já cansei completamente deste ano. Minha vida tá de cabeça pra baixo tem uns três meses. Três meses que tudo saiu do lugar e eu, que no começo de 2010 achava que finalmente ia ter tudo - ou boa parte - do que sonhei, fiquei de frente com um turbilhão de acontecimentos que não pedem licença pra chegar. E companheiro, nenhum deles foi bom até agora. Eu tinha um amor pra chamar de meu, uma esperança de vestibular lindo, amigos curados, família juntinha, pessoas em quem confiar.

Agora eu não tenho mais o amor, o vestibular disse que só se eu quiser morar em RR, meu amigo tá doente mais uma vez, minha família tá procurando cada um o seu canto, e as pessoas que eu pensei que podia confiar... bem, vai ver eu não pudesse. Pára o mundo que eu quero descer! Ou só afundar a cabeça no travesseiro e gritar até estourar a garganta. O quê que eu faço pra resolver isso aqui, meudeusdoceu??? Talvez eu não possa fazer nada pra resolver, só posso tentar me equilibrar e juntar tudo o que sobrou, ver se ainda dá pra fazer algo decente com os meus caquinhos. E olha que são muitos, muitos caquinhos mesmo.

Dois mil e onze, eu quero férias de você! Vou viajar de volta pra 20 de janeiro de 2010, quando a minha única preocupação era tentar não rasgar as bochechas de tanta felicidade e de tanto sorrir. Malas prontas, adeus. A gente se vê quando tu decidir ser mais bonzinho comigo. Fui.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Esquece, Mari

Todos concordam que já é hora de esquecer. Menos o coraçãozinho aqui, teimoso profissional. "Mari, esquece isso", os meus amigos dizem. "Não, não vai lá falar mais uma vez que o ama. Não, Mari, não faz isso não...".

"Esquece, amiga. É melhor esquecer meeeeesmo!", as amigas dele me dizem. "Não dá, flor! Eu sou incompetente até pra sentir raiva!". Dizem que ele não merece uma lágrima sequer. E não merece, eu sei. Sei mas não sinto. Porque não consigo "saber", só consigo sentir.

"É por causa dele, não é?", os meus pais dizem. "Ah, Mari, eu não gosto de te ver triste assim...", colo de mãe... "Não, filha, não joga fora o coraçãozinho que ele te deu... Não faz isso. Vem, esquece, vai ficar tudo bem. Eu sei, Mari, eu sei que é por causa dele...". Mãe sempre sabe.

Mas eu prometo,gente. Só falarei por mais duas vezes sobre isso. Porque eu quero muito fazer isso e porque já está "programado". Me preparo para deixar o palco, se me permitem a metáfora fajuta.

"Não, não quero mais, já chega, coração, agora somos só nós dois. Mais uma vez. E aí, carinha, a gente vai ficar bem, não é mesmo? Tu batendo tuas sístoles e diástoles e eu batendo cabeças e idéias. Vem cá que a gente se entende"

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cansaço

Eu me sinto cansada. Cansada de escrever, ler sobre as mesmas coisas, pessoas. Não é exatamente minha culpa se só consigo pensar no mesmo assunto. Mesmo assim estou tentando me curar. Os livros? Aqueles que falavam de amor eu deixei num canto da estante; a conversa agora é com Maquiavel - veremos a quantas anda minha capacidade de dominação, meu negócio é a guerra. As músicas? Que o Moska vá tirar umas férias em Vênus e procure curar a sua dor de cotovelo, que eu vou atrás é de um rock "bate cabeça". Aqui, um pequeno "p.s": se o Led Zeppelin, com um Robert Plant descamisado e descabelado, vem cantar uma cançãozinha água com açúcar de saudades "dela", aí não é mais minha responsabilidade.

Ao que parece todos estão à procura de um amor, uma paixão, alguém pra aquecer estes dias frios de janeiro, já que não tiveram com quem apreciar as luas de dezembro. E eu estou tão cansada disso... Antes que me chamem de desalmada, não falei que eu também não queira. Estou cansada justamente disso, de querer. Queria mesmo era não querer, entende? Ah se eu pudesse dormir, dormir por um bom tempo, acordar novinha em folha, pronta para me sentir saciada comigo mesma. Humhum, era isso o que eu queria de verdade.

Tu consegues entender? O meu coração agora quer paz, calmaria; já faz três meses que o expediente é dobrado e ele vara a madrugada fazendo hora extra, que é pra ter mais tempo de procurar sentir um você que não vem mais. Estou cansada, mas não é o cansaço dos que desistiram, "cansei de você!", é aquele cansaço dos que já não aguentam mais andar, mesmo querendo muito continuar. Não, eu não joguei a toalha, mas peço um tempo técnico.

Ainda não entendi o porquê de tudo o que aconteceu, nem sei se algum dia vou entender. Pra mim, não houve motivos. Pra mim, né? Mas eu sei que amadureci, por isso não quero mais mentir nem pra mim nem pra ninguém: não, eu não estou bem. Agora eu sei quanto vale um "eu te amo" preso na garganta, um carinho amarrado nos braços, um olhar que não tem retorno, um pensamento que não é recíproco. Vale tanto quanto machuca. Agora só resta descobrir quanto vale engolir o orgulho e se entregar por inteiro. Destruir por vontade as próprias barreiras e se assumir o vencido.

Esta novela, amor, está perto do fim. Se vai ser feliz ou não, não faço idéia. Mas todos concordam: sim, está perto do fim. Tem que estar...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Meu amigo andarilho

Muito tempo atrás li um dos livros que passaram a nortear a minha vida. Um exemplar matusálem, quase, de páginas bem amarelas, roídas nas bordas, capa desbotada e folhas ameaçando soltar. Minha mãe, em uma de suas raras faxinas, estava pronta para jogá-lo fora no lixeiro mais próximo. Ainda bem que os meus olhinhos bateram nele e, por sua pequenez e simplicidade, o volume chamou a minha atenção. Chega de enrolação. O livro chama-se "Amizade talvez seja isso", do Pe. Zezinho.

Ele não conta uma história apenas, mas uma coletânea de cartas, poemas e textos escritos pelo padre para aqueles que puderam partilhar do seu amor e confiança. São histórias de amizades jovens, velhas, que mudaram ou não, se perderam, não importa, nunca foram esquecidas. O livro busca, acima de tudo, permitir que o leitor se encontre em um dos amigos citados e reflita sobre o que é, verdadeiramente, amizade.

Eu tenho amigos. Poucos, mas tenho. Se for contar, acho que os verdadeiros, aqueles pra quem eu ligaria às três da manhã, o número não chega a sete pessoas. E eu sou feliz com eles. Tenho um amigo, em especial que me dá muito trabalho e dor de cabeça, além de muitas, muitas vezes me fazer duvidar da reciprocidade dele. Somos bem parecidos. Parece que a gente vive num mundo que as palavras criaram pra nós. Ele gosta de poesia; eu, de crônicas. Ele poemiza tudo;eu, conto a minha vida a mim mesma como se estivesse num texto do Veríssimo.

Ele ama com uma intensidade incrível, mas só demonstra isso àquelas sortudas que receberam seu olhar de homem. Por isso, acho que ele vai ter que se apaixonar por mim pra entender que não se deixa uma moça sozinha e trancafiada numa cidade hostil. Acontece que nós temos a mesma mania besta de nunca olhar pra quem realmente gosta da gente, aí já viu, a nossa situação é crítica. E eu gosto dele, sabe? Gosto muito. Mesmo ele tendo me feito chorar quando eu soltei, sem querer, um "eu te amo" e ele me olhou com cara de paisagem, ajeitou a mochila nas costas e disse "legal". Tive que explicar que amigos também dizem "eu te amo", mas, mesmo assim, nunca mais arrumei coragem para repetir o feito.

Foi aí que eu me lembrei do livro, que em uma das histórias mostrava que a amizade não precisa de recompensa eterna e na mesma proporção do que se dá. A gente é amigo de quem gosta e de quem se sente bem perto. E eu gosto dele. E me sinto bem perto dele. Então por ele faço as coisas sem esperar por um retorno rápido e na mesma intensidade. Faço e sinto por ele porque me faz bem fazê-lo e senti-lo. Meu amigo é do tipo que se fecha pro mundo, às vezes, porque gosta demais das palavras e das suas próprias musas. Por isso eu respeito o seu silêncio, o seu escapismo, pra depois me saciar com as linhas e versos que ele produz.

Ele pode não me deixar mil e um recados, não me ligar todo dia, não me encher de flores ou presentes. Mas quando eu precisar de alguém que ouça as minhas frescuras de menina besta, ele sempre me empresta os ouvidos e o ombro. Sei lá, amizade talvez seja isso...

Feliz aniversário, amigo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Eu entro em pânico


Sabe aquele programa dominical que faz o maior sucesso entre os “jovens” de hoje? Aquele, com algumas poucas tiradas boas, algumas muitas piadas toscas, e algumas toneladas de mulheres faltando explodir de tanto silicone? Pois é. Além de encher a cabecinha de pré-adolescentes e adolescentes aspirantes a bestinhas com bordões sem sentido ( “aaaaah muleeeeeke!”) e realizar a intrépida tarefa de propagar “cultura-lixo” (ou alguém aí ainda agüenta ouvir Papanamericano?), a trupe domingueira sofreu metástase e hoje estampa sua “idiotologia” – tô falando, o Houaiss tem que me contratar – em camisetas por aí. Legal, né? Não.

Passa um cara e eu leio: “GG” – setinha apontando pro baixo ventre. “Ah, agooora siiim me senti tentada a compartilhar gametas com você’. Fala sério, companheiro, pra precisar de tanta propaganda e alarde assim, o negoço só pode ser deste tamanhicozinho, ó! Passa outro, “Faça sexo com segurança”, vira de costas, “Segurança”. “Hhahahahhahahaha morri de rir. Dá licença que vou binlí um minutinho , ok? Retardado”. Lá vem mais outro, gente: “Salva lindas”. “Aaaaai que filho ingrato! Quer dizer então que tu deixaria a própria mãe se afogar? Tsc tsc tsc.”

Se eu vejo um guri de dez anos usando uma coisa dessas, eu penso “É, né, gente, tadinho. Nunca pegou uma mulher...”. Se eu vejo um moleque de 18 anos usando uma coisa dessas, eu penso “Credo, ecate, esse aí só deve pensar em pegar mulher.”. Mas se eu vejo um cara de mais de quarenta usando uma coisa dessas, aí o caso é sério – “Socoooorro, vovó, um pedófilo!”. Ou pior! Um tiozão querendo pegar menininha. Esses, meu bem, nem God salva.

Quando, quaaaaando, pelo amor de Dadá, os humanóides vão se tocar que este tipo de vestimenta só serve pra identificar um grupo de pessoas: os que apresentam a necessidade – quase que patológica – de serem identificados. Essas camisetas têm toda razão em serem do “Pânico”. Eu mesma entro em pânico e saio correndo quando vejo um troço desses. Então, meninos – e meninas, porque eu sei que agora tem uma linha feminina, também – fiquem alerta e tomem cuidado. Se você é bestinha, pelo menos não saia alardeando isso pra quem puder ver, ok?

p.s: se você é da “Família Pânico”, eu tenho twitter. Vai, me xinga muuuito, quem sabe eu vire Trending Topic!

p.s 2: “Este é um blog independente e todo o conteúdo apresentado é de responsabilidade de seus idealizadores”. Ok? Então se você usa camiseta do Pânico e não é bestinha, parabéns. Mas eu vou pensar que é. E você não deve se importar com a minha opinião, veja bem.

p.s 3: Eu odeio a palavra “pegar” quando usada no sentido exposto no texto. Mas convenhamos, “namorar”, “paquerar”, não combinavam. Homem que namora mulher não chega com “SEXO” estampado no peito. Ou você, menina, apresentaria pro seu pai alguém vestido assim?

p.s 4: e não se iluda. Você não vai parecer diferente da manada ao usar uma camisa “engraçada” dessas. Vai ser só mais um dos milhares de “uns” que tiveram a mesma idéia que você. Acorda, um zilhão de gente tem camisetas iguaizinhas a esta, vissse?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Metalinguisticamente, eu

Não, eu não sei usar maquiagem. E também não sou muito fã. Não tenho ideia da função daqueles milhares de pincéis, não sei passar blush, batom, pó compacto, tenho medo de colocar rímel, medo de furar meu globo ocular com o lápis de olho; acho aquele troço de modelar cílios muito parecido com instrumentos de tortura.

Não sei usar salto maior que 10 centímetros, não sou muito amiga de vestidos e saias, só uso argolas em ocasiões muito especiais, amo minhas rasteiras e tênis, a maior parte dos meus amigos, inclusive os melhores, são meninos. Não leio horóscopo - nem Crepúsculo, não acho o Robert "Qualquer-coisa" o cara mais gato do mundo, não leio Capricho, não tenho mil bolsinhas e vestidinhos de festa.

Não gosto de unhas compridas - acho lindas, mas não consigo resistir ao desejo de cortá-las -, minhas cores preferidas de esmalte são amarelo, azul e laranja. Não tenho vontade de alisar o cabelo, aliás, nunca nem pintei o cabelo. Só vou ao shopping para ver filmes, não sei ficar andando pra lá e pra cá feito uma peruinha.

Não uso cadernos cheios de glitter ou com cheiro de chocolate, não colo adesivinhos no guarda-roupa, não tenho um diário - aliás, nunca consegui ter um -, não gosto de Hillary Duffy (nem sei se escreve assim), Lady Gaga, Britney, não tenho BFF's, nem pulseirinhas da amizade. Não gosto de ballet, todos os meus cantores favoritos ou são gays, ou já morreram, ou são gays e já morreram.

É, essa sou eu. Mas acontece que eu gosto de um cara, sabe? E ainda sonho em ganhar flores do rapaz que amo, em receber um telefonema dele às três da madrugada dizendo que tá com saudade de mim. Ainda sonho que ele perceba que eu estou aqui, que nunca sumi. Que sinto a falta dele e que pra mim, pra mim, amor, nunca acabou.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O meu Natal

Finalmente essa correria de final de ano acabou. Não via a hora do povo começar a viver normalmente, de novo. Muita gente escreveu sobre Natal, planos para o ano novo, etcétera e tal. Eu não escrevi sobre planos para o ano novo. Como expliquei no post passado, eu não os fiz. Tampouco escrevi sobre Natal e espírito natalino. "O que é isso, Mari, tu não gosta do Natal?". AMO. Mas não me senti tentada a escrever nada a respeito. Vou explicar.

O Natal é a minha época favorita do ano. Amo as luzinhas, o cheirinho de enfeite mofado, os especiais de Natal, essas coisas. O que me incomoda é o súbito desejo geral de ser bonzinho. Odeio ver as lojas lotadas de gente procurando as melhores roupas pra passar a festa. Mas a maioria, nem por um segundo, pensa em ir dar "um abraço" no verdadeiro aniversariante. Aproveitam a noite para beber, namorar, fazer qualquer outra coisa, menos aquela "caretice" de ir à missa.

Este Natal eu vi um senhor bem pobre que conduzia, sozinho, a sua carroça abarrotada de frutas pelas ruas apertadas de gente carregada de sacolas, ser xingado e humilhado por um senhor dirigindo um desses carrões do ano. Aparentemente o senhor rico tinha muita pressa e precisava que o pobre homem tirasse "e rápido, muleke" aquela "porra" da frente. Aí a Globo vem me falar de espírito natalino...

Que bom que pelo menos uma parte das pessoas se sentem tocadas pelo clima da época e resolvem fazer a sua boa ação do ano. Mas, mil perdões, não acredito em benfeitores sazonais. Queria que as pessoas fizessem o ano todo de Natal. Pode até parecer cliché, mas você é quem sabe. Se Jesus só nasce no seu coração no dia 25 de dezembro, quem sabe não esteja na hora de rever os seus conceitos?

Este natal me perguntaram por que eu não saí de casa. Mas eu saí, gente! Fui na festa do aniversariante, ora essa. Este Natal eu fui à missa, agradeci, louvei, sorri, fui dar um beijo na minha avó, jantei com os meus pais, e fui dormir. Não sei não, mas eu ainda prefiro o jeito "careta" de viver o Natal...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2011

Eu não fiz plano pra 2011. Nenhum. As imagens passam pela minha cabeça como retratos de algo que talvez aconteça, talvez não. Tudo sem perspectivas maiores.

Não comecei o ano dançando, bebendo, sorrindo, comendo, brincando com os amigos. Não me emocionei com os fogos de artifício, não ouvi nenhuma música especial. 2011 só mudou o meu calendário.

Não te esqueci, não parei de chorar - pelo contrário, chorei mais ainda - assisti Pretty Woman pela primeira vez, não te esqueci, corri pelo bairro atrás da minha cachorra - que fugiu com medo dos fogos -, não te esqueci, não te liguei, pedi desculpas, não te esqueci. Merda!

Eu saberia lidar com ódio, raiva, mas não com a indiferença. Isso não. Raspas e restos não me interessam, não me interessam...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Notas V


Eu não sou o Baby e você não precisa me amar. Mas se você quisesse, seria tão mais legal...